UOL

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Decadente e irônico, Jean-Claude Van Damme faz 50 anos

Um ator que tem senso de humor para interpretar ele mesmo como um homem de meia idade, falido e sem mais a saúde para as acrobacias marciais que o fizeram famoso no cinema, merece respeito. Estamos falando do filme JCVD. Iniciais para Jean-Claude Van Damme, ator belga que fez seu nome em Hollywood e completa nesta segunda-feira (18) seus primeiros 50 anos.
Naturalmente, assim como a piada de JCVD, ele não tem mais a flexibilidade e toda aquela energia de quando ele conseguia dar um golpe que atinge a cabeça do adversário durante um giro no ar de 360º e abrir as pernas lateralmente em 180º. No entanto, mais do que nunca, Van Damme continua a ser um grande ícone do cinema de ação e das artes marciais. Confira na aba acima alguns de seus "clássicos" filmes.
Van Damme, que na verdade se chama Jean-Claude Van Vorenberg, é conhecido até hoje como "Os Músculos de Bruxelas" e começou a treinar caratê ainda muito jovem, aos 11 anos. Fez balé durante um tempo e seu bom desempenho com as sapatilhas o forçou a decidir entre o palco e o tatame. Ficou com o segundo e terminou levando ao cinema não apenas sua habilidade marcial, como a coreografia e postura própria de quem já soube fazer um perfeito plié.
Chegou aos Estados Unidos com quase nenhum dinheiro e um currículo ainda minúsculo - havia feito uma participação na produção francesa Rue Barbare (1983) e, quem diria, num filme (Monaco Forever) em que ele era um expert em caratê... gay. Sua estreia no cinema americano aconteceu com Retroceder Nunca, Render-se Jamais (1985). Depois disso, chegou a fazer algumas participações especiais quase "invisíveis" até finalmente conseguir estrelar em um filme escrito por ele mesmo e, desde então, um clássico no gênero artes marciais: O Grande Dragão Branco (1988).
Hoje, Van Damme diminiu o ritmo dos filmes, mas ainda é chamado para títulos de ação. A lembrar que, na gaveta, ele tem o projeto de um quarto Soldado Universal, franquia bem sucedida nas bilheterias. Nada confirmado ainda, mas é bem possível que Luc Deveraux, seu emblemático personagem quase robótico, volte à cena em breve.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Com ironia na TV, Taques afirma não querer ser o último grão de soja

O candidato do PDT ao Senado, José Pedro Taques, afirmou em seu programa gratuito desta segunda-feira (20), que “não quer ser o dono da verdade” e, em tom irônico, disse que não quer ser “nem o último grão de soja do cerrado”. O pedetista, então, se apresenta como opção de honestidade e moral para eleitor mato-grossense.

Taques começa o programa mostrando o histórico de luta pela moralização pelos poderes públicos durante os 15 anos que atuou como procurador do Ministério Público Federal. Nesse período, 10 anos ele atuou em Mato Grosso e outros cinco em São Paulo, local para onde foi ‘promovido’ após combater o crime organizado em solo mato-grossense.


Ele ainda afirmou que não abrirá sua "guarda" para acertos de bastidores e tampouco teme a ameaças de quem quer que seja. Em um trecho do programa, Taques lembra que muitos temem sua candidatura e inclusive conspiraram contra seu projeto político de disputar o Senado.


Recentemente, Taques foi ironizado pelo concorrente à senatória Antero Paes de Barros (PSDB), segundo o qual o pedetista estaria o imitando seu discurso político de combate à corrupção. O tucano chegou a declarar que Taques seria uma teoria, enquanto ele é a prática.


Para dar brilho popular ao seu discurso, Taques também colheu depoimentos de homens e mulheres simpáticos ao seu projeto político.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Ironia e refutação como estratégias argumentativas no jornalismo interpretativo





O jornalismo impresso brasileiro passou por inúmeras alterações no decorrer dos anos. Inicialmente dominada pela opinião, hoje a mídia possui um discurso mais pretensamente isento de tomadas de posição e, desta forma, de interferências diretas na informação transmitida ao receptor. Duas teorias atuais tratam o jornalismo sob distintas perspectivas: como espelho da sociedade ou como interventor, como elemento agente no processo social. A relação entre o fazer jornalístico do início do século passado e o fazer jornalístico do início deste século evidencia a mudança na postura dos comunicadores brasileiros2. O relato, anteriormente mais poético e de postura declarada, no Brasil, transmutou-se em algo mais exato, mais ``isento''3. Esta estrutura mais direta de construção do texto é muito utilizada pela mídia diária, que trata as informações mais factuais, e que devem ser absorvidas de maneira mais imediata pelo público. A informação em cápsulas, devido a isso, se expandiu no cotidiano jornalístico brasileiro. Os fatos são apresentados em notícias curtas, preferencialmente explicativas e didáticas, para que a compreensão do que se fala seja imediata. Entretanto, um dos questionamentos que surge refere-se à capacidade e/ou aos instrumentais fornecidos pela mídia para que o receptor compreenda os fatos além do que está explicitamente exposto pelos meios de comunicação. Os meandros da informação, o conhecimento que permite a construção de uma visão crítica dos fatos nem sempre são apresentados através do chamado jornalismo informativo4.
Além deste gênero, existem também o jornalismo interpretativo5 e o jornalismo opinativo6. Esta subdivisão foi absorvida pelo Brasil do jornalismo americano. A cada dia os jornalistas brasileiros afirmam tentar evidenciá-la, na busca pela isenção e pela construção e manutenção da credibilidade perante ao público. Para isso, foi criada a divisão dos jornais impressos em editorias, por setores de interesse das informações. Uma destas editorias é a de opinião, elaborada com a intenção de mostrar ao público que o meio de comunicação se preocupa em separar o que é opinião do que é informação, não influenciando a compreensão das informações através da tomada de postura do jornalista e do jornal.
Para estudar a utilização das estratégias argumentativas no discurso jornalístico, trabalharemos com a análise da utilização de determinados termos na construção de sentido no discurso utilizado pelos meios de comunicação. Para isso, a análise em questão irá se referir a produções especiais, em suplementos produzidos pelo jornal Folha do Paraná, referente a reportagens especiais, muitas delas pretensamente investigativas7. Será avaliada uma edição do suplemento semanal Folha Reportagem, do jornal Folha do Paraná, no dia 28 de maio de 2000 - a reportagem especial ``Testemunhas em Perigo'' (Recorte 01 - R1). R1 traz três páginas em formato Standard sobre testemunhas de processos criminais. São, no total, oito matérias direta ou indiretamente vinculadas. A seleção do corpus para este estudo se deu através da relevância e da repercussão das pautas dos suplementos, mesmo que não se refiram especificamente a questões criminais8. Por se tratar de reportagens inseridas no jornalismo interpretativo, em muitos momentos é possível verificar uma infiltração de opinião na argumentação estabelecida pelos comunicadores, tanto na seleção dos fatos e fontes quanto na apresentação do discurso do meio de comunicação. As reportagens especiais que compõem o corpus do presente estudo possuem também uma grande porcentagem de espaço publicitário em sua apresentação. R1, possui aproximadamente 70% de material jornalístico e 30% de material publicitário, mesmo assim, a publicidade predomina na página de abertura do suplemento Folha Reportagem9.
Optamos por trabalhar, nesta análise, com trechos e frases reais, extraídos do corpus deste estudo. Por isso, e por ser o estilo de texto jornalístico caracteristicamente remissivo, em muitos momentos recorta-se uma amostra mais longa, que estende-se além da frase central, da qual se seleciona a expressão analisada.
O objetivo do estudo proposto é verificar como a utilização de alguns termos propicia a construção e a efetivação da argumentação jornalística em reportagens especiais. A verificação das implicações das distintas construções textuais pode auxiliar na compreensão das mudanças no fazer jornalístico e das variadas compreensões do conteúdo geradas pelas estruturas sintáticas apresentadas. O presente trabalho pretende vislumbrar, através dos estudos da AD10e da sintaxe, um panorama da produção discursiva jornalística no jornalismo impresso brasileiro.
Além disso, a partir das linhas de pesquisa propostas, busca-se diferenciar, na produção em questão, o tratamento dado a fatos de relevância e interferência direta no cotidiano dos receptores. Serão levadas em conta nesta análise também as especificidades do jornalismo impresso brasileiro, o que pode alterar a compreensão do analista sobre a construção textual em questão, interferindo em visões como a intencionalidade do discurso.
Assim, busca-se verificar a existência de mudanças nos efeitos de sentido, no que se refere ao discurso jornalístico impresso. Retomando a perspectiva de análise sob a ótica do produtor, como a pesquisa proposta trabalha com a interlocução e a interação mediados por recursos tecnológicos, pretende-se identificar algumas das principais alterações geradas pela evolução dos meios e da política brasileira no discurso do jornalismo impresso brasileiro.
A produção jornalística e as definições de suas especificidades, em muitos momentos, constróem-se a partir do conhecimento de senso comum - um saber cotidiano caracterizado por ser subjetivo, trabalhando com ``sentimentos e opiniões individuais e de grupos'' (CHAUÍ, 1994), além de caracterizar-se como generalizador, muito mais do que científico. Esta realidade da comunicação é, aos poucos, alterada. Hoje, o jornalismo, antes embrionário, busca definir padrões e critérios em busca de sua cientificidade. Para isso, apóia-se em outras linhas teóricas, como é o caso das ciências da linguagem.

Estratégias argumentativas

As estratégias argumentativas se apresentam nos mais variados estilos discursivos. O discurso jornalístico, assim como a maior parte da argumentação polêmica e das temáticas tidas como polêmicas, apóiam-se em recursos sintáticos para construir e/ou reforçar sua eficácia. Entretanto, no texto jornalístico, principalmente na prática do jornalismo interpretativo, observa-se a utilização da ironia e da refutação como estratégias essenciais.
Ao optar pela ironia, é possível observar a presença de dois sujeitos no discurso: o enunciador e o locutor (DUCROT, 1987). O locutor está apresentado explicitamente, é quem apresenta o discurso ao interlocutor, a fonte do discurso. Já o enunciador é um segundo sujeito, nem sempre explicitado e nem sempre identificado no processo ilocutório, sendo, entretanto, o responsável pelo conteúdo expresso.
Pode-se também pensar, no discurso, na estratégia da refutação, também possivelmente polifônica, já que trabalha com a negação como denotadora do enunciador como uma manifestação de múltiplas compreensões. Busca-se em Nagamine Brandão (1998) a caracterização do ato refutativo como manifestação de discurso polêmico11.

Ironia

A verificação da presença de uma das estratégias argumentativas apresentada como hipótese neste estudo se observa através da constatação na mescla entre a informação e a opinião no corpus. A ironia é detectada no discurso nos momentos em que o texto demonstra a tomada de posição tanto do comunicador quanto de suas fontes - aqui, locutores e enunciadores do discurso.
Embora a ironia trabalhe a questão mais contextual, abordando o discurso de maneira mais global é possível identificar em expressões, palavras e até mesmo em conectores características de polifonia que levam à compreensão irônica da mensagem. Desta forma, mesmo que se desvincule a expressão de seu contexto discursivo imediato é possível observar nela uma multiplicidade de interpretações, que podem ser facilitadas ou dificultadas pela realocação contextual. No caso de reportagens especiais, enquadradas no jornalismo interpretativo, é comum observar a utilização de condicionantes. Estes elementos podem ser apresentados no texto por distintos motivos, como: (a) a necessidade do jornalista ser, ao mesmo tempo, questionador e objetivo - assim, através do condicionante, apresenta a informação coletada e a questiona sem, no entanto, apresentar este questionamento como uma tomada de posição do meio de comunicação; (b) ironiza, através do uso de condicionantes, informações apresentadas a si pelas fontes admitindo, com isso, ter uma posição sobre os fatos que discute e investiga. Com a adoção da ironia como estratégia argumentativa - o que muitas vezes se dá de maneira não-intencional - o comunicador (interlocutor no processo discursivo) opta pela opinião, isentando-se de aderir ao discutido mito da objetividade jornalística12.

contradição de termos

Ocorre ironia quando, pelo contexto, pela entonação, ou pela contradição de termos, sugere-se o contrário do que as palavras ou orações parecem exprimir. A intenção é, geralmente, depreciativa ou sarcástica, embora o sarcasmo tenha um tom mais agressivo. Existe frequentemente na linguagem corrente, como quando dizemos "Vens num belo estado!" (para indicar que reprovamos a aparência de alguém).

Exemplos:

As moças entrebeijam-se porque não podem comer-se umas às outras. (Monteiro Lobato) 
Moça linda, bem tratada, três séculos de família, burra como uma porta (Mário de Andrade) 
É também um estilo de linguagem caracterizado por subverter o símbolo que, a princípio, representa. A ironia utiliza-se como uma forma de linguagem pré-estabelecida para, a partir e de dentro dela, contestá-la.

Foi utilizada por Sócrates, na Grécia Antiga, como ferramenta para fazer os seus interlocutures entrarem em contradição, no seu método Socrático.

Ironia







Um aviso de proibido fumar colocado sobre figuras deSherlock Holmes fumando, um exemplo típico da ironia de situação.
A ironia é um instrumento de literatura ou de retórica que consiste em dizer o contrário daquilo que se pensa, deixando entender uma distância intencional entre aquilo que dizemos e aquilo que realmente pensamos. Na Literatura, a ironia é a arte de gozar com alguém ou de alguma coisa, com vista a obter uma reacção do leitor, ouvinte ou interlocutor.
Ela pode ser utilizada, entre outras formas, com o objetivo de denunciar, de criticar ou de censurar algo. Para tal, o locutor descreve a realidade com termos aparentemente valorizantes, mas com a finalidade de desvalorizar. A ironia convida o leitor ou o ouvinte, a ser activo durante a leitura, para refletir sobre o tema e escolher uma determinada posição. O termo Ironia Socrática, levantado por Aristóteles, refere-se ao método socrático. Neste caso, não se trata de ironia no sentido moderno da palavra.


Tipos de ironia

A maior parte das teorias de retórica distingue três tipos de ironia: oral, dramática e de situação.
  • A ironia oral é a disparidade entre a expressão e a intenção: quando um locutor diz uma coisa mas pretende expressar outra, ou então quando um significado literal é contrário para atingir o efeito desejado.
  • A ironia dramática (ou sátira) é a disparidade entre a expressão e a compreensão/cognição: quando uma palavra ou uma ação põe uma questão em jogo e a plateia entende o significado da situação, mas a personagem não.
  • A ironia de situação é a disparidade existente entre a intenção e o resultado: quando o resultado de uma acção é contrário ao desejo ou efeito esperado. Da mesma maneira, a ironia infinita (cosmic irony) é a disparidade entre o desejo humano e as duras realidades do mundo externo. Certas doutrinas afirmam que a ironia de situação e a ironia infinita, não são ironias de todo
Exemplos:
  • Moça linda, bem tratada, três séculos de família, burra como uma porta: um amor! (Mário de Andrade)
  • -Você está intolerante hoje
    -Não diga, meu amor!
É também um estilo de linguagem caracterizado por subverter o símbolo que, a princípio, representa. A ironia utiliza-se como uma forma de linguagem pré-estabelecida para, a partir e de dentro dela, contestá-la.
Foi utilizada por Sócrates, na Grécia Antiga, como ferramenta para fazer os seus interlocutures entrarem em contradição, no seumétodo Socrático.